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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Eu tenho um sonho

A Guiné-Bissau faz parte dos países mais pequenos da África Ocidental, com 36.125 Km2 de superfície.
Segundo o reconhecimento feito em 1991, a população da Guiné-Bissau é de cerca 1.046.150 habitantes, sendo 48% de homens e 52% de mulheres. Bissau a capital, com maior número de habitantes: O país é limitado a Norte pela Republica do Senegal, ao Sul e Leste pela Republica da Guiné-Conacri e a Oeste pelo Oceano Atlântico. AS coordenadas geográficas são 12.00 latitude Norte e 15.00 de longitude. a língua nacional é o crioulo, sendo o português a língua oficial.

A Guiné-Bissau tem clima tropical e um baixo nível de altitude. O seu ponto mais alto situa-se apenas a 300 metros. O interior é composto por savanas e as ilhas costeiras é basicamente uma planície pantanosa. A estação de chuvas é semelhante a uma monção, alternando com período em que ventos quentes e secos que sopram do Saara e ventos húmidos do Oceano Atlântico.
AS crianças guineenses são inocentes, vulneráveis, dependentes, curiosas, activas e cheias de esperança.
Deveriam ter tempo para alegria, para a paz, para brincar e aprender.
Deveriam ter o futuro em harmonia e em cooperação.
Deveriam ter uma vida sólida na medida que possam concretizar as suas expectativas e ganhar novas experiências.

Porém, para muitas crianças, a realidade da sua infância é bastante diferente.
Diariamente milhões de crianças no mundo, sobretudo na Ásia, na América do Sul, Europa Ocidental África, inclusive no meu país, Guiné-Bissau sofrem de efeitos malignos da pobreza, da crise económica, da fome, do desabrigo, do analfabetismo e da degradação do meio ambiente. Elas sofrem graves efeitos dos problemas externos e internos e da falta de desenvolvimento sustentável.
Em muitos países em via do desenvolvimento as crianças estão a ser utilizadas nas guerras sendo vítimas de violência e de descriminação, violando-se assim os princípios da convenção dos direitos da criança (CDC) aprovada em 1924 pela Sociedade das Nações.

Lembramos que em 1924 a Sociedades das Nações aprova a primeira declaração sobre os direitos da criança;
Em 1945 a carta das Nações Unidas exorta os países a incentivarem e a promoverem os direitos humanos e liberdades fundamentas de todos seres humanos;
Em 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Assembleia Geral da ONU, reconhece os direitos das crianças, ao afirmar que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade em direitos e que a maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especial;

No mesmo ano, a Assembleia Geral da ONU aprova uma segunda declaração sobre os direito da criança, um documento com sete pontos que leva mais longe a declaração de 1924 afirmando que “os homens e mulheres de todas as nações, reconhecendo que a comunidade deve às crianças aquilo que de melhor tem para dar, declara e aceita que é seu dever cumprir esta obrigação em todos os aspectos”;
Em 1959 uma terceira declaração sobre os direitos da criança ainda mais pormenorizada, aprovada pela Assembleia Geral da ONU;
Em 1961 o quadro jurídico internacional é reforçado com aprovação do pacto internacional sobre direitos civis e políticos e o pacto sobre os direitos económicos, sociais e culturais. Esses acordos entram em vigor em 1976 e impõem aos estados o dever moral e legal de respeitar os direitos humanos de todas as pessoas;
Todos estes esforços conduziram à provação da convenção sobre os direitos da criança em 1989 e a sua entrada em vigor em 1990. Tem por objectivo obrigar as pessoas de todos os países, de todas as culturas e de todas as religiões a esforçarem-se por garantir que todas crianças do mundo gozassem dos direitos: à sobrevivência, à saúde, à educação, viver num ambiente familiar favorável, brincar usufruir da cultura, à protecção da exploração e de todos os tipos de violência; a serem ouvidas e verem as opiniões a serem tomadas em consideração, sempre que se trate de questão que afecta a sua vida. O que não aconteceu no meu país.

As crianças da Guiné-Bissau vivem uma situação extremamente difícil, apesar do Estado ter subscrito os princípios basilares da protecção em matéria dos direitos humanos e particularmente no tocante à infância consagrados nos instrumentos internacionais, milhares de crianças da Guiné-Bissau continuam a viver em condições extremamente difíceis sem a protecção das suas vidas, conforme apontam as informação do MICS (Inquérito aos indicadores múltiplos) de 2000, a analise da situação das crianças e das mulheres na Guiné-Bissau de 2001 e outras fontes.
Vejamos alguns aspectos em concreto:
A nível de saúde, a nutrição e saneamento.
Mensalmente perdemos cerca de 1200 crianças, que morrem sem poderem completar 5 anos de idade. (Em 2002 a taxa de mortalidade infantil de menores de 5 anos de idade era de 211 por mil nascidos).
o paludismo, as infecções respiratórias agudas e a diarreia estão entre as principais causas da morbilidade e de mortalidade das crianças menores de 5 anos na Guiné-Bissau.
25% Das crianças menores de 5 anos de idade sofrem de insuficiência ponderal, ou seja baixo peso para sua idade; 30,4% das crianças que sofrem de atraso no crescimento são muito pequenas para a sua idade e 10,3% são magras ou demasiado magras para sua altura.
Ainda 59,9%da população tem acesso a agua potável, dos quais 79,2% no meio urbano e 49% na áreas rurais.
A nível da educação quase 60% das crianças guineenses em idade escolar continua sem poder frequentar a escola.
41,1% Das crianças em idade de instrução primária, na Guiné-Bissau, frequenta escola primária. Nas áreas urbanas 69,8% das crianças frequentam a escola, enquanto no meio rural só 24,1% o fazem.
Somente 43,2% das crianças que entram no 1º nível da escola primária atingem posteriormente o 5º ano.
62% Da população com mais de 15 anos é analfabeta (46% dos homens; 76% das mulheres).
Quanto a protecção constata-se uma inoperacionalidade institucional em matéria de protecção da infância, do ponto de vista da aplicação da CDC (convenção dos direitos da criança) sobretudo na definição de políticas e estratégias de luta contra a pobreza.
Mais de 50% das crianças continuam sem registo de nascimento, o que quer dizer que legalmente metade das crianças não existe, para além de influenciar negativamente a continuidade da educação.
O casamento precoce forçado, os abusos e a exploração sexual, os maus tratos e excisão feminina continuam a ser práticas frequentes nas comunidades, particularmente no meio rural, violando flagrantemente a integridade física e moral das crianças e adolescentes. Anualmente, cerca de 2000 raparigas são excisadas na Guiné-Bissau.

Para concluir, a Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo e dos piores para se viver. Muitas das violações dos direitos das crianças são justificadas como sendo tradicionais contra os quais a justiça não quer lutar.
Esse é o caso, por exemplo, da excisão genital feminina, e do casamento forçado de meninas, e até da morte, de meninos que logo após a circuncisão em grupo, sem quaisquer cuidados de higiene são enviados para o mato, o que leva por vezes, à morte de alguns. Também existem casos de violação de direito de crianças que não podem ser justificadas pelas tradições, tratando-se sobretudo de comportamentos desiguais de rusticidade contra os menores, mas que também ficam impunes pela justiça do país.
Perante esta realidade atrás descrita gostava de fazer um pedido e de exprimir um desejo.

Pedir à O.N.U à U.E e de mais organizações defensoras dos direitos de crianças que reforcem os seus apoios ao meu país e aos outros países em vias de desenvolvimento que têm uma realidade semelhante à Guiné-Bissau.
Pedir também que controlem os apoios prestados para que estes não sejam desviados para outros fins, pois existem governantes e outras pessoas ou seja abutres que se aproveitam destes apoios para benefícios próprios.
Pedir ainda para que os governantes aceitem as convenções internacionais e a carta africana sobre os direitos de crianças e desencadeiem os processos e as acções necessárias ao cumprimento das mesmas.
Pedir ainda a todas as instituições internacionais e nacionais, nomeadamente às do meu país, que se unam e lutem a favor do cumprimento dos direitos de crianças em todo o mundo.
* Face à incapacidade dos governantes do meu país, e da África em geral, em resolver os problemas das crianças "eu tenho um sonho": que um dia os africanos possam resolver os seus problemas sem depender das ajudas estrangeiras; que ultrapassem as divisões tribais e que se sintam como uma nação e que ponham em primeiro lugar a solução dos problemas da educação e da saúde.






Obs: Esta situação acima explanada, no meu País ainda é o mesmo. Nada mudou se calhar agravou...
Este texto também é publicado num dos artigos do jornal da minha escola.

6 comentários:

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Que sonho lindo, humanitário, fraternal!!! Fiquei emocionada. Com fé em Deus, um dia você conseguirá ver o seu belo sonho realizado. Se não der para ser para um país inteiro, que seja num bairro, numa escola, numa rua... e assim, crescendo paulatinamente. Que Deus te abençõe, amigo. Grande abraço.

...EU VOU GRITAR PRA TODO MUNDO OUVIR... disse...

Obrigada por seguir os meus "gritos".Voltarei mais tarde para ler seus textos com cuidado.Gostei muito da apresentação de seu espaço!

Um abraço fraterno!

Sonia Regina.

Heduardo Kiesse disse...

é de facto lamentável a realidade que o teu texto nos transmite, agora, sei que és e serás um daqueles que vai de certeza alterar o rumo da situação no futuro!!

o teu blog faz falta!!
ainda bem que existe!!

abraço Dr. Celestino

...EU VOU GRITAR PRA TODO MUNDO OUVIR... disse...

Triste realidade,comovente e constrangedora ao mesmo tempo!

"AS crianças guineenses são inocentes, vulneráveis, dependentes, curiosas, activas e cheias de esperança.
Deveriam ter tempo para alegria, para a paz, para brincar e aprender."

Este trecho mexeu muito com meu sentimento pois vejo,mesmo aqui no Brasil, crianças a passarem necessidades em contraste com a abastança de poucos.Não desista de sonhar,pois toda realidade é iniciada nas nossas chamadas ilusões!

Um abraço carinhoso!

Sonia Regina.
Deveriam ter o futuro em harmonia e em cooperação.
Deveriam ter uma vida sólida na medida que possam concretizar as suas expectativas e ganhar novas experiências.

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Há uma brincadeira para você em meu blog. Chama-se “Eu dou cartão VERMELHO para”. Passe lá e leve-a para seu blog. Espero que goste.

Anónimo disse...

espero que os teus desejos se concretizem no furo, és como eu, um revulucionário sem armas, estarei sempre ao teu lado para as causas justas e nobres para o bem do nosso país...disse...
Gil